A palestra foi orientada pelas médicas obstetras e ginecologistas, Dra. Zara Manhique e Dra. Ana Tuto, que abordaram matérias ligadas ao aborto seguro/inseguro, métodos de planeamento familiar, entre outros elementos. 

Para a Dra. Zara foi possível, durante a palestra, perceber que os adolescentes já tinham conhecimento sobre diversas coisas, e que o encontro serviu para consolidar as matérias. “Nós estamos abertos para ajudar a mulher sempre que possível. O que deve ficar claro é que é importante ir à uma unidade sanitária porque aquele é o local certo e não optar por serviços clandestinos, porque podem nos custar vidas”.

Dra. Zara Manhique durante a sua interação com os membros do parlamento

Para além de representantes da educação a nível distrital, o evento contou com a presença de menores de diferentes escolas, sendo que alguns deles realizam actividades de activismo sobre diferentes temáticas. Outros estudantes colaboram com a rádio comunitária da Ponta de Ouro, conscientizando mais crianças, sendo que a tónica das mensagens é que a escola deve sempre ficar em primeiro lugar. 

Na ocasião, o Director Distrital de Educação de Matutuine, Vasco Alfredo Muchanga, explicou que as paletras sobre saúde sexual e reprodutiva têm importância, sobretudo quando dirigidas para grupos que ainda estão na tenra idade. “São crianças que precisam ser preparadas para a vida futura. É mais fácil formar esses menores agora, para quando crescerem serem capazes de lidar com diversas realidades”.

Director Distrital de Educação, Vasco Muchanga, discursando.

O director esclareceu que o distrito de Matutuine tem reunido esforços para garantir a realização de palestras em diversas escolas, em coordenação com o sector da saúde, daí que o evento organizado pela AMOG serve para consolidar os conhecimentos que as crianças já possuem. 

“Nós temos feito isso com maior intensidade nas escolas secundárias, mas esta capacitação sempre agrega elementos, daí que estamos gratos”. Na mesma ocasião, deixou claro que o número de menores grávidas que se apresentam nas escolas reduziu nos últimos anos. 

Presidente do Parlamento Infantil, Valdo Mabjaia

Valdo Mabjaia, Presidente do Parlamento Infantil ao nível do Distrito Municipal KaMavota, que esteve no evento, deu a entender que discutir a saúde sexual e reprodutiva é sempre fundamental. “Aqui juntamos poucos alunos, 36, mas oriundos de diversas escolas, que é exactamente para dar espaço para que possam aprimorar os seus conhecimentos e poderem transmitir as informações aos outros”. 

"Há pais que proíbem o uso de métodos contraceptivos."

― Silénia António, 9ª classe

“Debater o aborto e a saúde sexual no geral nos ajuda a combater as altas taxas de natalidade nas raparigas. Há aquelas situações em que a menina é forçada a manter relações sexuais. Por isso é que é importante conhecermos a lei, os métodos contraceptivos, os mecanismos para ter acesso aos serviços de aborto, para evitarmos situações que podem complicar nossas vidas. Eu aprendi muito com relação à percentagem de mulheres que morrem diariamente por causa de aborto inseguro. São pessoas importantes para as suas famílias e para o desenvolvimento do país. Assim, só com base em palestras irei difundir mais esta informação”.

Dra. Ana Tuto, interagindo com os estudantes

A menor diz que tem conversado com os pais sobre a saúde sexual e reprodutiva, mas sabe que há progenitores que não abrem espaço para diálogo sobre a matéria em causa. 

“Há os que até proíbem de usar métodos de planeamento. Têm muita cultura na cabeça e isso dificulta, mas eu falo com os meus pais. É preciso que haja espaço de diálogo”.

"Levar palestras para os bairros."

― Max Gabriel, 12ª clase, Escola Secundária de Mabilibili

“Este tema nos ajuda a ficar atentos sobre o que acontece à nossa volta para que possamos ajudar o outro. Nas nossas comunidades temos tido casos de aborto inseguro e todos nós sabemos disso. É por isso que é importante debatermos esses temas que é para salvar vidas. Para mim, a melhor estratégia de comunicação é ir aos bairros e realizar palestras deste género, com médicos que vão explicar às pessoas sobre o aborto, seus riscos e que ele é gratuito”.

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