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Publicado por :   Associação Ginecologistas   |   Dia : 03-08-2021   |   Gostar   Inicie a sua sessão para gostar e partilhar esta dica 1468

Hospital Provincial da Matola recebe capacitação sobre a Lei do Aborto

Actividade abrangiu cerca de 20 profissionais de saúde

A Associação Moçambicana de Obstetras e Ginecologistas (AMOG) capacitou, recentemente, profissionais de saúde do Hospital Provincial da Matola, na província de Maputo, em matérias ligadas à Lei do Aborto, Direitos Sexuais e Reproductivos, e Clarificação de Valores e Mudança de Atitudes.


A formação, que teve como oradoras as médicas Dra. Eliana Coelho e Dra. Zara Manhique, contou com a presença de perto de 20 profissionais de saúde do Hospital Provincial da Matola, que no final receberam certificados de participação. 

Durante a capacitação, foram discutidas matérias relativas a questões sobre a legalidade do aborto, as boas práticas dos profissionais de saúde para melhorar o atendimento público, ética e moral, entre outros elementos primordiais que ajudam na luta contra as altas taxas de mortalidade materno-infantil no país.

Dra. Eliana Coelho durante a sua intervenção

Na sua intervenção, a Dra. Eliana Coelho fez saber que existem vários factores que contribuem para o elevado índice de mortalidade materna, sendo que o aborto inseguro ocupa a quarta posição, facto que preocupa a AMOG e as autoridades da saúde. Daí que há uma necessidade de melhorar a intervenção em todos os sectores onde há jovens e adolescentes, afinal são os adultos do amanhã e deverão crescer com a consciência segundo a qual, a mulher tem direitos que devem ser respeitados.

A Dra. Eliana Coelho explicou aos presentes que a mulher é livre de escolher se quer ou não ter filhos, o número de filhos a ter e o momento certo. Exortou que “a mulher tem o direito de ter os filhos que quiser. Não podemos obrigar as pessoas a fazer um, apenas devemos aconselhar e oferecer o serviço que for melhor. Como profissionais que somos, não devemos nos esquecer que cabe a mulher decidir o que é melhor para ela”.

“Como associação estamos a ir às escolas para conversar com jovens e adolescentes para fazer a informação chegar a mais pessoas. Devemos também falar com líderes comunitários, eles são muito influentes e podem bem fazer a informação chegar”, partilhou a Dra. Eliana, tendo acrescentado que é preciso tomar a consciência de que a lei que despenaliza o aborto existe e deve ser usada para salvar vidas. “Muita gente não sabe da lei, falta divulgação e ainda temos o problema de estigma. Há crenças, por isso não tem sido fácil, só que o facto é que se está a morrer e não podemos ficar parados”, disse a médica. "Mesmo sendo um tema sensível, temos de falar sobre isto porque meninas e mulheres morrem todos os dias. A nossa meta é levar a lei para todo o Mundo!"

Por seu turno, segundo dados apresentados pela Dra. Zara Manhique, 13 por cento da mortalidade materna é causada pelo aborto, daí que é necessário melhorar a intervenção ao nível dos profissionais de saúde para que, acima de tudo e de quaisquer valores culturais, passem a respeitar a vida.

Dra. Zara Manhique durante a sua intervenção

“A cada minuto, 380 mulheres ficam grávidas. 190 são gravidezes não desejadas. 110 desenvolvem complicações relacionadas com gravidez, 40 passam por um aborto inseguro e uma perde a vida. Essas mortes têm lugar em países em desenvolvimento como o nosso. Mas nós podíamos prevenir com planeamento familiar. Envolver a comunidade, garantir sigilo e assistência à mulher durante a gravidez”, detalhou a Dra. Zara, acrescentando que, por ano, 105 milhões de mulheres têm uma gravidez não desejada. 

Assim, as médicas apelaram aos presentes para que ajudem a difundir a lei que despenaliza o aborto, de tal forma que se possa, igualmente, diminuir o número de mortes devido ao aborto inseguro. 

A Dra. Zara Manhique falou sobre os mecanismos legais para se realizar o aborto, abordou sobre questões de idade, tendo deixado ficar que a Lei do Aborto foi aprovada tarde, mas já existe e deve ser usada para proteger a vida da mulher. “Ela tem o direito de escolher se quer ou não continuar com a gravidez. Tem o direito de ter acesso aos serviços de aborto em todos os hospitais com profissionais treinados. Tem também direito à confidencialidade. Tudo isso está na lei”

A médica destacou ainda que a lei indica que o aborto pode ser feito quando a gravidez constitui risco para a saúde da mulher ou se for de violação sexual, incesto ou então quando resulta de falência do método contraceptivo. 

Entrega de certificados de participação

“Saímos com mais informações.”

― Benedita Ali, médica clínica geral. 

“Foi um prazer participar da formação. Foi diferente e pudemos aproveitar ganhar mais informações, conhecimentos e mudanças. Como médica já estou familiarizada com a matéria. Mas sendo o aborto um assunto que nos preocupa a todos e causa muitas mortes, é sempre bom revisitar a matéria”.

Para a médica que falou em representação dos participantes, “o maior desafio é levar a informação às comunidades para diminuir o número de mortes por causa do aborto inseguro. No hospital recebemos pacientes a solicitar o aborto assim como há as que chegam já com complicações. Estamos realmente preocupados”.

Entrega de certificados de participação


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