
Publicado por : Associação Ginecologistas | Dia : 08-06-2021 | Gostar Inicie a sua sessão para gostar e partilhar esta dica 1066
Em memória do Dr. Momade Bay Ibraimo Ustá, Presidente da AMOG
1954-2021
É com enorme pesar que a Associação Moçambicana de Obstetras e Ginecologistas comunica aos seus membros, doadores, parceiros e à sociedade civil, o falecimento do seu Presidente, o Dr. Momade Bay Ibraimo Ustá, ocorrido no passado dia 31 de Maio (segunda-feira), vítima de doença.
Nascido a 12 de Fevereiro de 1954, o Dr. Ustá concluiu a sua Licenciatura em Medicina pela Universidade Eduardo Mondlane em 1983 e especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia em 1998 no Hospital Central de Maputo.
Após 20 anos de carreira de Ginecologista e Obstetra, o Dr. Ustá assumiu a liderança da AMOG em 2018, tendo desde então afincadamente desempenhado as suas funções em prol dos Direitos Sexuais e Reproductivos da Mulher, bem como da evolução da investigação e prática da Ginecologia e Obstetrícia, tendo colaborado em vários artigos.
Ao longo dos seus anos de trabalho pelo Serviço Nacional de Saúde, e graças a sua alta competência, o Dr. Ustá assumiu outros cargos oficiais, como o de Director Clínico do Centro de Saúde da Manhiça, Director do Hospital Geral José Macamo, assessor de Saúde Sexual e Reproductiva na DKT e Pathfinder Moçambique.
Enquanto médico ginecologista e obstetra, o Dr. Ustá demonstrou notável empatia e solidariedade para com os problemas afectos aos Direitos Sexuais e Reproductivos da Mulher, tendo contribuído activamente, e através de trabalhos de investigação e científicos, para a reunião de evidências que sustentaram e impulsionaram a Legalização do Aborto Seguro em Moçambique, através das aprovações das Revisões do Código Penal pelas Leis 35/2014 de 31 de Dezembro e 24/2019 de 24 de Dezembro, e do Diploma Ministerial 60/2017 de 20 de Setembro.
AMOG em luto
Dra. Nafissa Osman, membro do Comité de Direcção da AMOG, recorda as contribuições do Dr. Ustá em prol dos Direitos Sexuais e Reproductivos da Mulher, bem como da formação de quadros especialistas em Ginecologia e Obstetrícia e na melhoria da qualidade da prestação de serviços de saúde.
"O meu colega Momade Bay Ibrahimo Ustá, durante o seu trabalho, rapidamente conseguiu perceber que ter uma abordagem integrada e abrangente para a prestação de serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva era crucial para o fortalecimento da mulher e para a melhoria da qualidade de vida do ser humano. Percebeu também a importância do reforço da academia, tendo aberto a unidade sanitária que liderava como director para o nível de especializações, com vista a melhoria da qualidade e da quantidade da força de trabalho médica em Moçambique.
Como exemplo concreto, aquando da sua formação, quando foi colocado em José Macamo como director da Unidade Sanitária e director da maternidade, uma Unidade Sanitária (US) do nível primário, densamente povoada e localizada na saída da capital Maputo, foi ele que imediatamente teve em conta vários fatores que afetam as necessidades físicas e mentais das mulheres. Olhando para a delicadeza das circunstâncias pessoais que levavam as mulheres a buscar tais cuidados e sua capacidade de acesso, ele, Dr. Ustá, liderou mudanças para que a maternidade passasse a funcionar 24 horas, o que permitiu que a unidade passasse do nível primário para secundário. Mudança também foi ao nível do saneamento, área de limpeza e locais de convívio mais amigável a mulher utente dos serviços.
Do lado da oferta de serviços, como diretor da mesma unidade, meu colega Dr. Ustá liderou actividades de promoção a continuidade de ensino e formação dos especialistas, quando a nível de especialização, foi aberto o campo de estágio para a especialização, o que é importante para aumento dos médicos em Moçambique.
Essas condições mais humanizadas tanto para mulheres sujeitas a restrições devido a doenças assim como o aumento dos profissionais que prestam serviços de saúde, de qualidade, foram cruciais. O Dr. Ustá deu -se a conhecer para pessoas normais e ao sofrimento das mulheres, ao operar mudanças necessárias, por ter entendido que as mulheres são importantes e têm direitos a serem respeitados."