O primeiro dia da reunião foi marcado por uma série de discussões e partilhas científicas, sendo que o pontapé de partida foi dado pelo Professor António Bugalho, com o tema Ética na Actualidade – Litígios Laborais. Na sua intervenção, o professor analisou as possíveis causas, consequências e formas de prevenção dos litígios aquando do exercício das actividades dos especialistas de Ginecologia e Obstetrícia.

Professor António Bugalho durante a sua apresentação

Introduzida pelo Dr. Sibone Mocumbi, a Dra. Sierra Washington, médica gineco-obstetra americana, foi a oradora do tema Técnicas de Aborto no 1º Trimestre, inserido no quadro de Divulgação Científica. A médica apresentou um estudo comparativo sobre as técnicas de aborto, dentre as quais o aborto cirúrgico, compreendendo a aspiração de vácuo manual e a aspiração de vácuo elétrica; e o aborto médico com a administração tanto combinada de mifepristone e misoprostol, como só de misoprostol. A Dra. Sierra também apontou o diálogo permanente entre o médico e a paciente como via para a escolha do método ideal, para prevenir a ansiedade, depressão e outros possíveis distúrbios que possam inviabilizar o tratamento da paciente.

Outro momento estimado foi o da apresentação feita por um dos parceiros e doadores da AMOG, a UNICEF, representada pela Dra. Bruna Saraiva. A Dra. Bruna apresentou à assembleia geral as políticas e estruturas criadas pela UNICEF com vista a Protecção contra Exploração e Abuso Sexual (PEAS), que já foram adaptadas e adoptadas pela AMOG, tendo inclusive sido formados alguns membros e colaboradores nestes quesitos. A Dra. Bruna chamou atenção ao facto de que para o contexto moçambicano, a exploração e abuso sexual são potenciados maioritariamente por factores como o analfabetismo, o desequilíbrio de poder, a desigualdade de género e pouco apreço pelos direitos humanos.

Professora Nafissa Osman durante a sua apresentação

Ainda no espaço para os parceiros e sob a orientação da Professora Nafissa Osman, na posição de representante do Comité da FIGO para o Aborto Seguro, a assembleia geral da AMOG levantou um efervescente debate sobre a Objecção de Consciência. A Dra. Nafissa enfatizou que os serviços essenciais de aborto seguro não podem ser negados e que é responsabilidade profissional de todos os provedores garantir que todas as pacientes recebam os cuidados autorizados no processo de consentimento informado, quer fornecendo-os, quer encaminhando as pacientes para colegas prontos para responder as suas necessidades. Vários membros se pronunciaram e aproveitaram a oportunidade para partilhar histórias de situações em que todos os provedores de algumas unidades sanitárias acusavam objecção de consciência, culminando no impedimento total de usufruir de serviços essenciais de aborto seguro em tais unidades.

A última apresentação do 1º dia foi feita através do ZOOM pela Dra. Alicia Carbonelli, membro da AMOG e representante da Organização Mundial de Saúde (OMS), que deixou ficar as recomendações da OMS sobre cuidados intra-parto e a mais recente geração do partograma da OMS. Após discussão, ficou claro que ao se adotar o instrumento em Moçambique, será necessário se definir quem terá a responsabilidade de preencher o guia de parto, se o enfermeiro ou o médico, sob o risco de não haver responsabilização.

Dr. João Sérgio Mutacate se pronunciando sobre Objecção de Consciência

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